quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Arte de revisar texto

Clicar Aqui dispõe sobre as normas reguladoras do serviço de revisão textual que "indica e oferece" para o público específico (podendo ser leitor desta obra e mais alguma pessoa por ele informado).

Carta de revisor para escritor

Duas Artes ou dois Amigos.
Pronome de tratamento: Você.
6.1 Saudações e conjecturas
6.2 Dilema de escritor
6.3 Dilema de revisor
6.4 Dois espíritos inquietos
6.5 Quando será o final
6.1 Saudações e conjecturas

6.1 Saudações e conjecturas

      a) Saudação
“Bom dia, meu caro amigo!”
Mas não precisa dizer
a impressão que tiver
sobre o que vou escrever.

      b) Partilha de sentimentos
Eis uma rápida mensagem,
para escritor digerir.
Ele encontra revisor
com quem possa dividir
alegria ou aflição
para chorar ou sorrir.

      c) Encontro de inquietações
Amigo! nos seus escritos,
entendo o que o aflige.
Sua arte não é fácil
e um grande talento, exige;
mas a dor de quem escreve
pode ser de quem corrige.

6.2 Dilema de escritor

a) Antagonismo problemático
Cai um “temporal” no Mundo
que vem com redemoinho,
que abre e fecha caminho
numa* fração de segundo;
é “pano que não tem fundo”,
é uma “bola dividida”.
São os dois lados da Vida,
na linha polarizada,
dizendo que “é tudo ou nada”:
ou cicatriz, ou ferida
*numa - contração de "em uma" para atender à Métrica.

      b) Revolta de quem escreve
Escrever é pra quem sente
vontade de reagir:
se for ferido e cair,
levanta-se novamente;
é quem não vive contente
com crime e barbaridade;
quando vê uma atrocidade,
sente um gosto natural
de acabar com o “vendaval”
no lado da crueldade.

      c) A obra tem seus motores.
Geralmente um livro é feito
por quem se acha inquieto,
insatisfeito com veto
ou lesado em seu direito.
Quem já vive satisfeito,
normalmente não procura
fazer livro nem brochura.
Quem escreve está querendo
resolver ou, resolvendo,
um “problema ou amargura”.

      d) A missão além da conta
Você não chega ao final;
apenas faz uma pausa,
pois sempre uma nova causa
provoca seu cabedal.
Nesse processo causal,
um livro sai publicado
e o público-alvo é saudado
com palavras de atenção.
Assim vai longe a missão
do seu “gênio inconformado”.

6.3 Dilema de revisor

      a) Correção sem mais efeito
Corrigir é pra quem gosta
de ver tudo consertado.
Mas, quando estou revoltado,
não sei fazer a proposta;
sem pergunta, sem resposta,
não faço a minha defesa;
também sinto a correnteza
que precisa de combate,
mas não entro no debate
que levante uma represa.

      b) Silêncio de quem corrige
A correção da escrita
contagia um revisor.
Sinto a queixa, o amargor
que vêm da palavra aflita.
Na frase que se agita,
muita coisa eu fico vendo.
Por isso, Amigo, eu entendo
o que lhe causa sofrer.
Só não consigo escrever
o que me está doendo.

6.4 Dois espíritos inquietos

      a) Cabeça “de prontidão”
Você não pede que agende
um assunto ou um adendo.
E quando estou remoendo
os dramas que a Vida acende,
eu ligo e Você atende,
responde imediatamente.
Já outro amigo é ausente
e o telefone, ocupado:
não escuta o meu chamado
ou o chamo “incomodamente”.

      b) Senha de atendimento: “duas Artes!”
“Duas artes, dois amigos”
que se juntam na escrita.
Você anota o que medita,
querendo evitar perigos;
faz texto, produz artigos.
Já eu sou quem se empenha
em fazer o que convenha
pra você escrever certo.
Falando de longe ou perto,
usamos a mesma senha.

      c) “Artistas duros na queda”
Enquanto você seguir
nessa criação infinda,
vai escrever mais ainda;
com você, terei de ir.
Desta vez, vou corrigir
textos pra fazer brochuras.
Somos dois “cabeças-duras”
que têm este mesmo gosto:
derramar suor do rosto
com o calor das leituras.

    d) É árduo, mas causa alegria.
Se você se sacrifica,
tenho também meu martírio.
Mas, da Arte, um “pé de lírio”
nasce, vem e nos glorifica.
Pra você, é sempre rica
a ideia de “recriar”;
pra mim, é a de “revisar”;
sempre queremos um “pé”,
que dê motivos ou fé, 
pra mais um lírio brotar.

    e) Mãos à obra com retoques
No livro que lhe interessa,
começamos devagar,
como quem vai tatear
um terreno ou uma peça.
Não devo fazer promessa
de um trabalho excelente.
Mas, como sempre, é da gente
“toque de bola” apurado,
deixamos bem lapidado
cada texto componente. 

6.5 Quando será o final

      a) Desistir não adianta
Eu já pensei em parar
de corrigir obra sua,
mas não paro e continua
o que falei em deixar.
Eu digo que “vou largar...”.
Você diz coisas iguais.
Porém, escreve demais;
um livro aos seus olhos salta;
já eu também sinto a falta
das correções textuais.

    b) Quem é do Ar não arqueja.
Procurei uma pessoa
que ficasse em meu lugar,
porém não pude encontrar
quem assumisse a “coroa”.
“Pra não virar a canoa,
eu vou segurar o remo.”
Um “temporal”, eu não temo;
e as letras, não enjoei.
Quem é que não quer ser rei
de uma arte ou bem supremo?

      c) Presença de bom motivo
Fica um pouco “divertido”
o que nos torna presentes:
duas artes diferentes,
mas tangentes no sentido.
Talvez eu esteja unido
a Você, na mesma dor.
Nesse “encontro sofredor”,
deve existir um motivo
que faça alegre e ativo
o escritor e o revisor.

      d) Eis o prenúncio do fim
Nossa cadência é letrada,
vamos andando pra frente.
Nossa luz é ascendente:
clareia longe a passada.
Mas, quando não houver nada
que você queira escrever,
eu também não vou fazer
correção nem comentário;
esse encontro literário
não vai mais acontecer.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Correção, Revisão e Copidesque

A trilogia "ascendente" e quase natural é a seguinte: Correção de texto, Revisão de texto e Copidesque ou Copidescagem de texto.
Vamos descrever agora cada fase dessas, procurando indicar sua evolução paulatinamente aqui (tanto quanto no ato de fazer o serviço). 
Cabe dizer: a correção é quase inseparável da revisão (ou existe uma interseção entre ambas), de tal monta que se torna lamentável deixar um texto sem uma ou sem a outra.

1ª) Correção a ser feita

Pela Gramática normativa, técnica de Redação, Metodologia científica e nova Ortografia.
De acordo com a norma culta, normas técnicas, redação oficial ou comunicação administrativa. 
Segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e manuais de correspondência. 
Aqui buscamos a palavra correta e o termo adequado. Porém, somos um seguidor de normas, tão obediente como impedido de criar alguma coisa que passe além da conta ou regra. 
Somos apenas um "técnico" (mesmo de nível superior): portanto, corrigimos nos mínimos detalhes o que foi escrito, elaborado.
Adotamos como unidade de intervenção máxima uma frase ou algumas.

2ª) Revisão a proceder

Vamos além da correção textual. Interferência que visa melhorar o texto. Pode atingir palavra, frase, parágrafo ou trecho pequeno; fazemos isso por meio de corte, substituição, inclusão, inversão ou deslocamento. (Adaptação de um conceito parecido com o nosso, achado nesta Fonte: site http://pt.wikipedia.org/wiki/Revis%C3%A3o_de_texto. Acesso em 25-02-2015.) 
Não podemos subir a uma intervenção, mas já entramos em uma fase com retoque, ajuste, encaixe, adaptação e remanejamento. Mexemos uma porção a mais que na fase anterior (de corrigendas).
Adotamos como unidade de intervenção máxima um parágrafo ou alguns.

3ª) Copidesque ou copidescagem

Tentamos ser um "analista". Vamos muito além do plano corretivo e das linhas revisórias.
Cabe dizer aqui, a título de ilustração, que existe o verbo "copidescar" — transitivo direto, significando "fazer o copidesque ('revisão') de" — conjugado em todas as formas (Houaiss).
      O livro, ou texto diferente, pode ser um conteúdo rico em argumentos e opiniões, conceitos e ideias. Mas agora passamos a ser "um primeiro leitor" da obra, um observador do trabalho acadêmico (semelhante a orientador extraoficial).
Lançamos um olhar penetrante ou concentrado, para ver se descobrimos parágrafo sem nexo ou contraditório. 
Procuramos palavras muito repetidas e aproximadas a fim de substituir algumas. 
Tentamos achar os elementos metodológicos de um Resumo da obra; esboçamos uma noção panorâmica.
Então, sondar algumas hipóteses levantadas, descobrir a linha problemática e sugestiva apresentada, captar a missão e a mensagem transmitida, sugerir um paratexto que ilustra, melhorar os títulos da obra, dos capítulos, das seções, destacar o tema. 
Examinamos argumentos, à cata de 4C: Clareza, Coerência, Concisão e Conclusão, dentre mais requisitos. Esse quarteto, por si só, incorpora muita consistência a uma peça literária, técnica, acadêmica.
Interpretamos o conteúdo. Ajudamos a apurar o fechamento, fazendo um balanço do que foi dito. Nessa linha de atuação, transitamos no vaivém, de acessórios pré-textuais, passando pelos capítulos, até chegar aos acessórios pós-textuais. 
Conforme seja esse aprofundamento, passamos a ser um colaborador espontâneo, voluntário. Nunca nos achamos co-autor! 
De posse do original, "reescrevemos o que pode ser refeito". Empregamos (ou melhor, temos utilizado) técnica de leitura, conhecimento geral e habilidade que a temática requeira para dar-lhe alguma feição nova, sem mexer no seu corpo original. É uma fase de aperfeiçoamento que nos dá muito gosto e possivelmente é gratificante para um autor.
Adotamos como unidade de intervenção máxima uma página.

Adendo


Cabe ressalvar que não devemos (não se deve) produzir texto para uma obra nem para um trabalho escolar-acadêmico. Seu autor é quem vai desenvolvê-lo. Porém a "tentação" é grande no final, exigindo autocontrole a fim de obedecer a essa regra ética.
A palavra mais conhecida e mais agradável da trilha corretiva, revisória e copidescada é "revisão". Talvez, por isso, adote-se comumente a locução "revisão de texto (ou de textos)" para se referir, quase indistintamente, aos três estágios. 
Em todo caso, temos cuidado para não promover a intromissão. Mas a unidade máxima de interferência pode ser ultrapassada conforme nosso grau de envolvimento com a obra e seu autor(a). 
A linha ética ou mentalidade é do adágio "Não suba o sapateiro além do sapato", ou "da chinela", como na anedota. (Ver: http://www.citador.pt/anedotas.php?op=10&anedid=1005&theme=98&piada=Proverbios_Nao_Suba_o_Sapateiro_Alem_da_Chinela).

Finalmente


Após o trabalho, alguns autores já disseram espontaneamente que "Você completou as minhas ideias", "Você acrescentou o que faltava no meu livro": isso já soa como reconhecimento. Além disso, outros elevam nosso nome a uma posição destacada na obra (como na página de Agradecimentos), fazendo alguma deferência.
Contudo, em vez de contar história ou falar mais a respeito dessa nossa atividade, recomendamos que seja lida a postagem Arte de revisar texto e Carta de revisor para escritor, além de outras (ver ARQUIVO DO BLOG e clicar no nome respectivo).
As obras do nosso "portfólio" (listagem de livros revisados por nós) mostram bem o grau até aonde avançamos na nossa atividade: um comentário, uma página à guisa de prefácio, uma epígrafe, uma anotação metodológica, síntese, além de outras participações especiais — todas como "acessórios" do Texto — que tivemos no decorrer das revisões.

Nota de revisão: o certo é "não ficar palavra isolada no fim da linha"; mas foram deixadas várias aqui (no texto e à revelia dessa regra), porque surgiram depois da formatação do Blog (assim como em outras páginas).