quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Correção, Revisão e Copidesque

A trilogia "ascendente" e quase natural é a seguinte: Correção de texto, Revisão de texto e Copidesque ou Copidescagem de texto.
Vamos descrever agora cada fase dessas, procurando indicar sua evolução paulatinamente aqui (tanto quanto no ato de fazer o serviço). 
Cabe dizer: a correção é quase inseparável da revisão (ou existe uma interseção entre ambas), de tal monta que se torna lamentável deixar um texto sem uma ou sem a outra.

1ª) Correção a ser feita

Pela Gramática normativa, técnica de Redação, Metodologia científica e nova Ortografia.
De acordo com a norma culta, normas técnicas, redação oficial ou comunicação administrativa. 
Segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e manuais de correspondência. 
Aqui buscamos a palavra correta e o termo adequado. Porém, somos um seguidor de normas, tão obediente como impedido de criar alguma coisa que passe além da conta ou regra. 
Somos apenas um "técnico" (mesmo de nível superior): portanto, corrigimos nos mínimos detalhes o que foi escrito, elaborado.
Adotamos como unidade de intervenção máxima uma frase ou algumas.

2ª) Revisão a proceder

Vamos além da correção textual. Interferência que visa melhorar o texto. Pode atingir palavra, frase, parágrafo ou trecho pequeno; fazemos isso por meio de corte, substituição, inclusão, inversão ou deslocamento. (Adaptação de um conceito parecido com o nosso, achado nesta Fonte: site http://pt.wikipedia.org/wiki/Revis%C3%A3o_de_texto. Acesso em 25-02-2015.) 
Não podemos subir a uma intervenção, mas já entramos em uma fase com retoque, ajuste, encaixe, adaptação e remanejamento. Mexemos uma porção a mais que na fase anterior (de corrigendas).
Adotamos como unidade de intervenção máxima um parágrafo ou alguns.

3ª) Copidesque ou copidescagem

Tentamos ser um "analista". Vamos muito além do plano corretivo e das linhas revisórias.
Cabe dizer aqui, a título de ilustração, que existe o verbo "copidescar" — transitivo direto, significando "fazer o copidesque ('revisão') de" — conjugado em todas as formas (Houaiss).
      O livro, ou texto diferente, pode ser um conteúdo rico em argumentos e opiniões, conceitos e ideias. Mas agora passamos a ser "um primeiro leitor" da obra, um observador do trabalho acadêmico (semelhante a orientador extraoficial).
Lançamos um olhar penetrante ou concentrado, para ver se descobrimos parágrafo sem nexo ou contraditório. 
Procuramos palavras muito repetidas e aproximadas a fim de substituir algumas. 
Tentamos achar os elementos metodológicos de um Resumo da obra; esboçamos uma noção panorâmica.
Então, sondar algumas hipóteses levantadas, descobrir a linha problemática e sugestiva apresentada, captar a missão e a mensagem transmitida, sugerir um paratexto que ilustra, melhorar os títulos da obra, dos capítulos, das seções, destacar o tema. 
Examinamos argumentos, à cata de 4C: Clareza, Coerência, Concisão e Conclusão, dentre mais requisitos. Esse quarteto, por si só, incorpora muita consistência a uma peça literária, técnica, acadêmica.
Interpretamos o conteúdo. Ajudamos a apurar o fechamento, fazendo um balanço do que foi dito. Nessa linha de atuação, transitamos no vaivém, de acessórios pré-textuais, passando pelos capítulos, até chegar aos acessórios pós-textuais. 
Conforme seja esse aprofundamento, passamos a ser um colaborador espontâneo, voluntário. Nunca nos achamos co-autor! 
De posse do original, "reescrevemos o que pode ser refeito". Empregamos (ou melhor, temos utilizado) técnica de leitura, conhecimento geral e habilidade que a temática requeira para dar-lhe alguma feição nova, sem mexer no seu corpo original. É uma fase de aperfeiçoamento que nos dá muito gosto e possivelmente é gratificante para um autor.
Adotamos como unidade de intervenção máxima uma página.

Adendo


Cabe ressalvar que não devemos (não se deve) produzir texto para uma obra nem para um trabalho escolar-acadêmico. Seu autor é quem vai desenvolvê-lo. Porém a "tentação" é grande no final, exigindo autocontrole a fim de obedecer a essa regra ética.
A palavra mais conhecida e mais agradável da trilha corretiva, revisória e copidescada é "revisão". Talvez, por isso, adote-se comumente a locução "revisão de texto (ou de textos)" para se referir, quase indistintamente, aos três estágios. 
Em todo caso, temos cuidado para não promover a intromissão. Mas a unidade máxima de interferência pode ser ultrapassada conforme nosso grau de envolvimento com a obra e seu autor(a). 
A linha ética ou mentalidade é do adágio "Não suba o sapateiro além do sapato", ou "da chinela", como na anedota. (Ver: http://www.citador.pt/anedotas.php?op=10&anedid=1005&theme=98&piada=Proverbios_Nao_Suba_o_Sapateiro_Alem_da_Chinela).

Finalmente


Após o trabalho, alguns autores já disseram espontaneamente que "Você completou as minhas ideias", "Você acrescentou o que faltava no meu livro": isso já soa como reconhecimento. Além disso, outros elevam nosso nome a uma posição destacada na obra (como na página de Agradecimentos), fazendo alguma deferência.
Contudo, em vez de contar história ou falar mais a respeito dessa nossa atividade, recomendamos que seja lida a postagem Arte de revisar texto e Carta de revisor para escritor, além de outras (ver ARQUIVO DO BLOG e clicar no nome respectivo).
As obras do nosso "portfólio" (listagem de livros revisados por nós) mostram bem o grau até aonde avançamos na nossa atividade: um comentário, uma página à guisa de prefácio, uma epígrafe, uma anotação metodológica, síntese, além de outras participações especiais — todas como "acessórios" do Texto — que tivemos no decorrer das revisões.

Nota de revisão: o certo é "não ficar palavra isolada no fim da linha"; mas foram deixadas várias aqui (no texto e à revelia dessa regra), porque surgiram depois da formatação do Blog (assim como em outras páginas).

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